26 julho, 2011

Inkless Pen

Era o inicio do ano lectivo. Sacos de compras encontravam-se espalhados no meu quarto, cheios de material escolar. O estojo era o mesmo de sempre e foi lá que guardei as minhas novas canetas; tinha-as ás cores e feitios.

No primeiro dia de aulas a minha mão tirou do estojo uma caneta simples, azul, para riscar na margem do meu caderno de História. Se não soubesse melhor diria que a caneta inspirou-me, pois comecei a escrever pequenas histórias de amizade e aventura; parecia a caneta ideal, adequada á minha mão e á minha maneira de escrever, tinha a cor perfeita – o azul nem era muito escuro nem era muito claro. Passado um instante tinha se tornado na minha caneta favorita.

Passei a andar com ela para todo o lado, porque ela inspirava-me a escrevinhar pequenos contos, a desenhar sorrisos. Eventualmente comecei a usá-la para escrever coisas mais sérias (afinal, é o que uma caneta faz, certo?). Nesses momentos ela falhava-me, como se não gostasse dessa sua função.

Lentamente deixou de me inspirar. Já não me guiava a mão e deixei de escrever. A tinta tocava menos vezes no papel, era como se a minha mão não lhe fosse suficiente. Um dia uma colega, uma pessoa que nunca me inspirou confiança desde o momento em que lhe pus a vista em cima, pediu-me uma caneta emprestada e eu emprestei-a. Emprestei essa caneta que antes me parecia inspirar sem me lembrar que não era suposto ela escrever. Uma caneta não escreve se não tiver tinta, e não era recarregável.

Essa colega escreveu um livro de aventuras, um verdadeiro sucesso mundial, com a minha caneta…

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