10 novembro, 2013

Café Inglês





Clack. A mala está no chão. O ar húmido inglês entra-lhe nas narinas. Não chove, por enquanto, mas um pequeno chapéu-de-chuva verde está por perto, pronto a ser usado. Os ring-ring das bicicletas são inesperados – é uma cidade, não era suposto haverem imensos autocarros e carros e fumo? E agora?
A pesada bagagem rola facilmente pelo chão, que é despido de calçada. Um imenso parque verde surge depois das árvores. É suposto atravessá-lo? O mapa não é tão útil como perguntar a um desconhecido, que lhe diz “direita, direita, frente, esquerda.”. Obrigado. E lá vai a bagagem, atrás de quem a possui.
Procura um café, ou algo parecido com um café; é mais que isso. Pequenas mesas ao lado de estantes carregadas de histórias estão cheias; um quadro de memórias situa-se ao lado de quadros inacreditavelmente cheios de vida, criados por artistas de rua. Alguém toca-lhe no ombro: “Desculpe, posso levar a sua mala? Quer um café?”. Sim, obrigado. É impressionante o alívio deixar tudo o que nos pesa para trás, num sítio, enquanto se bebe um café.
 Lê-se, também, um livro. Toca, à distância, uma música suave. Fala sobre seguir em frente e deixar o passado no passado, fala sobre conduzir, fala sobre um sítio chamado Idaho. É curioso que seja tão perfeita para este momento…
“Bom dia, caro ouvinte, está a ouvir-nos de Lisboa…” diz o despertador. Começa mais um dia de insatisfações. O sonho, fresco na memória, não passa disso: de um sonho. Sonhar é fácil, realizar o sonho é que é o desafio.

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