Clack. A mala está no chão. O ar húmido inglês entra-lhe nas
narinas. Não chove, por enquanto, mas
um pequeno chapéu-de-chuva verde está por perto, pronto a ser usado. Os ring-ring das bicicletas são inesperados
– é uma cidade, não era suposto haverem imensos autocarros e carros e fumo? E agora?
A pesada bagagem rola facilmente
pelo chão, que é despido de calçada. Um imenso parque verde surge depois das
árvores. É suposto atravessá-lo? O
mapa não é tão útil como perguntar a um desconhecido, que lhe diz “direita,
direita, frente, esquerda.”. Obrigado.
E lá vai a bagagem, atrás de quem a possui.
Procura um café, ou algo parecido
com um café; é mais que isso. Pequenas mesas ao lado de estantes carregadas de
histórias estão cheias; um quadro de memórias situa-se ao lado de quadros
inacreditavelmente cheios de vida, criados por artistas de rua. Alguém toca-lhe
no ombro: “Desculpe, posso levar a sua mala? Quer um café?”. Sim, obrigado. É impressionante o alívio
deixar tudo o que nos pesa para trás, num sítio, enquanto se bebe um café.
Lê-se, também, um livro. Toca, à distância,
uma música suave. Fala sobre seguir em frente e deixar o passado no passado,
fala sobre conduzir, fala sobre um sítio chamado Idaho. É curioso que seja tão
perfeita para este momento…
“Bom dia, caro ouvinte, está a ouvir-nos de Lisboa…” diz o
despertador. Começa mais um dia de insatisfações. O sonho, fresco na memória,
não passa disso: de um sonho. Sonhar é fácil, realizar o sonho é que é o
desafio.
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