12 junho, 2013

Era uma vez...

             Era uma vez uma menina que queria voar. Os outros voavam, por que é que ela não haveria de voar também? Alguns lhe diziam "Voarás quando as tuas asas tiverem que crescer. Um dia hás-de voar." e os restantes "Tu, voar? Também acreditas no Pai Natal?". Ela não tinha a certeza em quem acreditar.
             Irrequieta como era, tentou fazer as suas próprias asas. Tentava, falhava. Tentava, falhava. O seu coração não desistia por muito que quisesse; ela tinha que voar. Ela queria voar, nem que fosse por uns míseros minutos; ela queria sentir o vento frio a cortar-lhe as bochechas e adrenalina no sangue quente; ela queria que fosse verdadeiro.
             Um dia, adoeceu. As asas nunca lhe cresceram. Nunca voou. Teve raros sonhos em que voava mas não passavam disso mesmo. A doença tirou-lhe o ar dos pulmões e o brilho dos olhos, mas não a inútil esperança.

Coitada. Não devia ter acreditado que conseguia voar. Isso é que a impediu de ter asas.

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