Vesti a minha roupa mais preta. Meti o meu rímel e passei o lápis nos olhos várias vezes. Suavizei os meus lábios com o batom rosa, uma e duas vezes. Sorri para o espelho e pensei “Será que estou … aceitável?”.
Sentei-me e esperei. Uns foram-se embora, outros chegaram. Pareciam estações do ano. E eu, eu era a casa de outras gerações que se manteve no mesmo sítio e via tudo mudar. O sol mudou de lugar enquanto esperava. E tu não apareceste.
Imaginei um ramo de rosas negras e que as atirava para o lixo. Imaginei as paranóias do costume e paranóias novas. Desejei-te raios e coriscos, e imaginei que o colega do lado eras tu porque era mais fácil rogar-te pragas do que aceitar a tua ausência.
Criei uma nova barreira em volta daquele músculo que todos chamam de coração. E quando tu pediste por perdão eu engoli a vergonha, a desilusão, porque queria ser paciente e talvez encontrar a felicidade. Não foi fácil porque é o oposto de tudo o que sou e de tudo em que acredito, mas foi o que fiz.
Quando tu me abraçaste, beijaste e deste-me a mão pensei “Será que… vai valer a pena?”. Também tu parecias paciente, alguém que procura o que não consegue encontrar. Mas nem tudo é o que parece…
Deixaste de ter palavras meigas e levaste o teu calor para outro lado. Depois de me dares a provar o que os outros têm, retiraste a minha nova droga. E quando te disse palavras que sempre quis que me dissessem tu deste a resposta mais dura e inesperada, e essa era a resposta errada. Estalaste o meu coração de vidro pintado!
Estalaste mas não partiste. Durante uns tempos fui uma tola feliz. Obrigado por isso. Mas fui uma tola cautelosa o suficiente para não cair na ilusão. Ao mesmo tempo que não te conheço, também tu não me conheces. Raspaste a superfície, a parte iluminada, e agora está na altura de conheceres o significado de escuridão.
It’s not me, it's you.
1 comentário:
Onde andas?
(f*** i do miss you!)
Enviar um comentário